Rotina de um paulistano
Sabe como reconhecer a rotina de um paulistano?
Quando o sujeito chega ao trabalho
Lá na Conselheiro Crispiniano
Atrasado e cansado feito burro velho
Por ter subido a Praça Ramos como corredor da São Silvestre.
Você está guiando seu carro
Junto com o sujeito
Subindo a Brigadeiro
Naquele trânsito “perfeito”.
O infeliz te enche o saco
Porque o cara da Jovem Pan tinha avisado
Que pela 23 de maio
Teriam chegado mais rápido.
Você pede para o cidadão
Levar um relatório importante
Na Celso Garcia, Vila Carrão.
E te pergunta, com cara de retirante
É perto do Metrô?
Ele vai andando pro Anhangabaú
Com um copo de café na mão
Pára no Itaú
Para sacar cinquenta “tostão”.
Sob a fina garoa ele vai caminhando
O céu cinzento está a contemplar
As belas palavras de “Amanhecendo”
A cantarolar.
Chega na Xavier de Toledo
No subterrâneo está a entrar
Do trombadinha, tem medo
Pensa que a Febem é seu lugar.
Ele pensando nas barbáries desse mundo
E o metrô já passava
Da estação Pedro Segundo.
Depois de vinte minutos
Nosso chapa paulistano
A passos honrados
Chega a seu destino.
Trabalha o mês inteiro
Em sua conta corrente
Aparece o dinheiro.
Vamos à praia! É trinta de abril.
Pra Santos, ver navio.
Chegar em casa, ajuntar os trapos
Chamar os filhos, a esposa, o cunhado tapado
O vizinho e seus papagaios.
Pelo ônibus da Cometa
A serra a família descerá,
As curvas da Anchieta vencerá.
Depois de horas na estrada
Comprou meia dúzia de Brahma
Uma costela assada
Levou para a Ponta da Praia.
Ali passaram a tarde inteira
Como carvão na lareira
Queimados pela ação do sol.
No anoitecer voltaram a São Paulo
Para a casinha nos confins de Santo Amaro, Guarapiranga.
Domingo, jogo do Palmeiras
Lá vai o cidadão para o Palestra Itália
Andando pelas íngremes vias da Pompéia.
Ótimo! O time da Rua Turiassú saiu vitorioso.
Nada melhor que uma bela rodada de “macarrone”
Na velha trattoria da Treze de Maio
Na companhia corintiana do “patrone”.
O velho despertador está a anunciar:
Cinco horas da manhã! É hora de levantar.
Faz a barba,
Penteia o cabelo,
Arruma a gravata,
Calça o sapato.
Traja-se com o paletó.
Vai para o ponto
Reza a Santo Expedito,
Pede a ele para que o ajude a parar de pensar besteira.
O ônibus que deve tomar
Tem como destino a Praça da Bandeira.
Depois de um tempo
Às paisagens da Nove de Julho
E às notícias do Jornal da Manhã
Permanecia atento.
Quando no terminal o paulistano chegou,
De relatar sua história, o aglomerado de letras terminou.
Creio eu que sua intenção alcançou.
Agora o bom chapa paulistano
Chega no trabalho
E tudo começa outra vez.
Vinícius Silva Caruso - 1ª série A - E.M.
domingo, 1 de junho de 2008
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3 comentários:
Adorei ...
Seu texto foi aprovado
Bela poesia, Caruso.
Não sei como consegues, pois não tenho paciência para rimas...
Parabéns Du!
Mandou muito bem.
Adorei!
Livia
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